
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Da Obsessão Pelo Planejamento do Japão à Reengenharia Americana

Durante
a década de 1970 / 1980, o Japão viveu seu momento de glória na Gestão
Empresarial, afastando-se da imagem de “imitador a baixo custo” para se impor
através da Qualidade.
Nesse
período o mundo conheceu – através do Japão – o “Kaizen”, o “Kanban”, o “Just-in-Time” e os
“Círculos de Qualidade”, matéria suficiente para uma obsessão duradoura do
Ocidente pelas práticas empresariais japonesas.
Em
1973 o primeiro choque petrolífero abalou as economias desenvolvidas, mas as
inovações vieram de todo o lado no exterior como o microprocessador em 1971, a fibra óptica em
1972 e o scanner em 1973.
Todos
esses produtos acabaram permitindo certa supremacia a tudo o que é pequeno,
ágil e interativo.
A
IBM – à época, uma das maiores empresas do mundo – acabou perdendo mercado,
enquanto empresas miúdas como a Apple, a Microsoft e a Intel preparavam, nas
garagens de suas casas, uma nova Revolução Industrial.
Nas
empresas americanas e européias, era uma época em que os mais lúcidos tentavam
agilizar as estruturas de suas organizações, através de métodos participativos
como o “orçamento de base zero” – por exemplo.
Porém,
quem realmente inovou nesse período foi o Japão, um país destruído pelo fogo
nuclear e penalizado – durante muito tempo – pela imagem negativa dos seus
produtos baratos e de péssima qualidade.
É
preciso render-se à evidência de que os japoneses aprenderam e, paradoxalmente,
foram dois americanos — Edwards Deming e Joseph Juran — que lhes transmitiram
este culto da qualidade, que não conseguiram vender aos seus compatriotas.
Deming
tinha planeado uma cruzada baseada no método PDCA: primeiro planejar; segundo
realizar; terceiro examinar os resultados; quarto continuar ou corrigir.
O
passo da Qualidade – visto como uma viagem e não como um objetivo – permitiu aos
japoneses integrá-lo como melhoria contínua, a qual eles batizaram de “kaizen”.
Outras
noções exóticas vieram na mesma leva, como o “just-in-time” (produção à
medida das necessidades), associado aos diversos zeros (estoques, prazo,
defeitos, etc.). E qual era o principal objetivo dos japoneses? Destruir as
fábricas que produziam avarias, acidentes, greves, desperdícios e poluição.
O
modelo foi introduzido na Toyota pelo engenheiro Taiichi Ohno e as suas idéias
são conhecidas como a produção em fluxos contínuos, o “kanban” (cartões que acompanham os produtos com as encomendas do
cliente) e o “jidoka” ou
auto-ativação da produção.
Por
tudo isso foi um período em que os japoneses passaram a exercer sobre a Europa
um verdadeiro fascínio, tornando-se mais tarde o centro da admiração do mundo
ocidental.
Da Excelência
Administrativa Japonesa à Reengenharia Americana.
Na década seguinte os estudiosos
em Gestão Empresarial pretendiam conduzir as empresas rumo à excelência, embora
muitas organizações citadas como modelo acabaram se tornando maus exemplos.
O segundo choque do
petróleo – da Revolução Iraniana – acabou colocando tudo na “estaca zero”. Nessa
época as organizações procuravam um ponto de referência. Apenas uma única coisa
era previsível: _ já não se conseguia mais prever o futuro.
Os especialistas em estratégia passavam por um
mau bocado, sem poder planejar nem encaixar a Gestão Empresarial em matrizes. O que não
significava que os “gurus” em Gestão tinham desaparecido.
Neste período falava-se muito da obra de
Mintzberg sobre as estruturas mentais dos Gestores Empresariais e como estes
empregavam seu tempo.
Mas, também se falava da teoria das vantagens
competitivas de Michael Porter. Este professor de Harvard inventou um vasto
método de análise setorial que abrangia fornecedores, clientes, produtos de
substituição, etc. — mas que esquecia os aspectos financeiros e humanos da
empresa.
Nos anos seguintes, dois terços das empresas
citadas por Porter (Atari, Avon, IBM, People Express, Wang, etc.) sofreram enormes
transformações ou mesmo desapareceram do mapa.
Para Michael Porter as novas empresas excelentes
eram as que conseguiam mudar e melhorar.
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